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“Jogo Performativo”; por Eduardo de Paula –[1]
§ Relativo ao ator/performer e aos aspectos de jogo observados no discurso do entorno
da performance; 1. Colocar-se em jogo
de cena considerando toda a sua previsibilidade e a imprevisibilidade; 2. Absorver
os acidentes que
acontecem no ato vivo do jogo de cena; 3. Considerar tanto os traços
ficcionais quanto os biográficos; ou seja, o ator/performer joga desempenhando
pelo menos duas linhas de ações: o personagem ficcional e a sua própria biografia; 4. Consciência de
estar em um lugar instável e, por isso, em risco – o
que gera um estado de prontidão para jogar com tudo o que ocorrer no “aqui
e agora”.
*
Este
verbete está diretamente ligado às proposições da pesquisa intitulada “Jogo e
Memória: Essências – o procedimento do Círculo Neutro como base para os
processos de preparação e criação do ator/performer”[2].
Jogo é uma
das essências principais observadas neste procedimento, colocado em ação de maneira
tal que o ator/performer é levado a relacionar-se com o previsível e o imprevisível,
assumindo os riscos e absorvendo os acidentes das ações que se desenvolvem
no momento do ato. Estes aspectos são também observados no “discurso do entorno
da performance”, e este é o motivo pelo qual estamos denominando-o como “jogo performativo”.
Essa
ideia de jogo [...] encontra-se no
coração das teorias da performance e dos performance studies. [...] a
maior parte das noções de jogo
implicam em princípios de descontração, liberdade e divertimento. [...] jogo pode estar em tudo e em parte
nenhuma, tudo imitar e não ser identificado por ninguém(...)[3] (Féral; in
Mostaço, 2009, p.57)
Vale
ainda explicitar que “jogo performativo” não é uma modalidade de jogo, mas principalmente
certa Atitude[4] que o
artista toma frente ao jogo no momento que se coloca em relação a ele,
considerando a “vida viva” que corre no “aqui agora”, com toda a sua previsibilidade e imprevisibilidade, seus acidentes
e riscos. É então, a partir do
paralelismo observado pelas proposições pertinentes ao amplo campo de jogo[5]
e a performance que estamos utilizamos
o conceito “jogo performativo”.
Essa valorização do instante presente da atuação faz
com que o performer tenha que aprender a conviver com as ambivalências
tempo/espaço real X tempo/espaço ficcional. [...] (Cohen, 2011, p.98)
Faz-se
ainda pertinente considerar a linha de pesquisa “Pedagogia do Teatro: a
formação do artista teatral” para melhor compreender as acepções filosóficas,
políticas e atitudinais contidas na ideia de “jogo performativo”. Considerando que as referências do artista teatral no início de sua
jornada podem ser frágeis e/ou reveladora de certo "lugar comum", se evidenciar teatro
com aquele do tipo à italiana e trabalho de ator com interpretação de
personagem, fazendo-se necessário ampliar este campo referencial primeiro, e apresentar
as inúmeras possibilidades das linguagens cênicas percorridas ao longo da
história, a diversidade de utilização do espaço/tempo e das distintas possibilidades
de ação do ator/performer.
No núcleo do conceito de performatividade está a acepção de
"virtual" (ou, como querem alguns, de "simulação"). Ela
absorve tudo o que está na circunvizinhança de "símil, como se, em lugar
de, experimento, tentativa, ensaio, fingimento" ou "disfarce",
quando tais termos designam ou referem operações ligadas à concepção/execução
de um ato ou performance. Tais ações podem preceder ou serem simultâneas ao
próprio agir, com ele guardando relações íntimas e indissociáveis. Onde a
ênfase incide, em todos esses casos, sobre o modo como são realizadas as ações.
(Mostaço, 2009, p.35)
A
partir da ciência e experimentação de proposições artísticas fundamentadas na ideia
de ”jogo” considerado
a partir do discurso do entorno da performance
- “jogo performativo” -, acreditamos que o ator/performer poderá
desenvolver habilidades mais potentes para colocar-se em cena com prontidão e organicidade.
Bibliografia
COHEN, Renato. Performance como
linguagem. SP: Perspectiva, 2011.
GLUSBERG,
Jorge. A Arte da Performance. SP: Perspectiva, 2007.
MOSTAÇO,
Edélcio et al (Org.). Sobre Performatividade. Florianópolis: Letras
Contemporâneas, 2009.
[1] Verbete referente à disciplina “Encenações em Jogo:
Experimentos de Criação e Aprendizagem do Teatro Contemporâneo” – Prof. Marcos
Bulhões Martins – PPGAC – ECA/USP, 2012.
[2]
Pesquisa de doutorado, iniciada em 2012, sob orientação do Prof. Dr. Armando
Sérgio da Silva – PPGAC – ECA/USP.
[3] (negritos nossos).
[4]
“Atitude” diz respeito tanto ao viés
filosófico, quanto político.
[5] Jogos tradicionais, jogos dramáticos, jogos teatrais, jogos
esportivos, jogos sociais, etc.
a proposta é bem interessante, mas para poder conceituar jogo performativo, penso que o verbete mereceria um texto bem mais fundamentado,com mais referencias, espero que vc possa densenvolver uma versão ampliada, para além dos limites da disciplina..
ResponderExcluirhttp://www.portalabrace.org/viicongresso/completos/pedagogia/ROBERTO_IVES_ABREU_SCHETTINI_-_JOGOS_PERFORMATIVOS_-_USO_DO_JOGO_NA_FORMA____O_DO_PROFESSOR_DE_TEATRO.pdf
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