Adão Freire Monteiro
Encenações em Jogo: experimentos de criação e aprendizagem
do teatro contemporâneo
Prof. Dr. Marcos
Aurélio Bulhões Martins
Verbete – DRAMA
DRAMA - Tá tudo solto por aí
Tá tudo assim, tá tudo assim. Quem quer morrer de amor se engana
Momentos são momentos, drama...
Tá tudo assim, tá tudo assim. Quem quer morrer de amor se engana
Momentos são momentos, drama...
Drama do grego
δράω – Ação. Ação mimética, representação de
comportamentos humanos. “O que faz com
que o drama seja drama é precisamente o elemento que reside fora e além das
palavras, que tem de ser visto como ação – ou representado – para que os
conceitos do autor alcancem sua plenitude”[1]. O drama é uma
representação concreta que se desenrola ao tempo que nos passa, pelas ações dos
personagens, vários estados de
emoção. Aí mora o perigo!? São tantas emoções...e são nossas também, daí rola
aquela identificação e já estamos lá, em cena, representados, identificados, e
ora defendidos, ora hostilisados.
Diderot sec. XVIII – Drama em contraste aos clássicos:
tragédias, comédias, farsa de costumes. Drama como intermediário de tragédia e
comédia.
Peter Szondi – O drama já está no século XVI – nas
peças de Racine, onde se concentra a ação no
herói, se individualiza o ser.
Quando uma
forma começa a se privatizar, absolutizar, começa a ser dramática, ou seja,
subjetivar. O drama é um conceito formal, precisa ter uma ideia de livre
arbitrio nos personagens, a decisão é o núcleo. A ação nasce do campo íntimo,
desejante. Pressupõe uma ideia de poder do indivíduo. Enquanto nas tragédias o
que move é o dever, no drama o que move é o querer. Ex. Antígona – Antígona tem o dever religioso de enterrar o o irmão
morto, isso é uma honra aos deuses, obedece a uma ordem coletiva. A justiça
transcendee o tempo das pessoas, do indivíduo. O caráter de Antígona não move a
ação. A forma dramática surge como uma necessidade de responsabizar o indivíduo.
É histórico:
DRAMA – BURGUESIA –AUTONOMIA DO SUJEITO – MERCADO. O que era público vai se
privatizando.
Sem platéia
não existe drama. Uma peça que não é encenada é apenas literatura. O drama
compele ao espectador a decifrar o que vê no palco exatamente do mesmo modo
pelo qual busca encontrar o sentido ou a interpretação para qualquer
acontecimento que encontre em sua vida particular. Ele vê e ouve o que o
fantasma diz a Hamlet, tem de decidir se o
fantasma é autêntico ou apenas um mau espírito enviado para tentar Hamlet para
o pecado.
O Drama ao
contrário da poesia Épica, é um eterno presente.
Daí ser um ritualistico. O ritual abole o tempo
por colocar sua congreção em contato com eventos e conceitos que são etrnos e,
portanto, infinitamente repetíveis.
O Drama
expandiu-se em drama falado, balé, ópera, comédia musical tragédia, comédia,
tragicomédia, farsa, drama radiofônico, cinema. E a cerimônia ritualistica
continua...posses de presidentes, desfiles, jogos olímpicos...
Os “Pós” e os Contras
O drama está
imbricado no teatro, portanto falar em pós-dramático ou pré-dramático, não
seria também falar em pós-teatro ou pré-teatro? .“Totalidade, ilusão e representação do mundo estão na base do modelo
‘drama[2]’”,
para citar um pós-dramático, Lehmann. Assim como
na pré-história havia história, no “pós-dramático” há o drama.
A constituição
do teatro: pessoas, espaço e tempo, encontra-se explodida. Mas nosso parâmetro
é sempre humano. Não há drama em coisas, pois não há conflito, história a
priori e a posteriori. “… Sem o indivíduo
não há teatro[3]”.
As representações modernas tentam colocar em cena o aqui e agora, o
acontecimento, mas esse acontecimento está numa trajetória histórica e seus
atores em si são conflituosos no sentido de nos remeter a um antes e depois.
Transcrevo aqui a noção de drama como sendo “ uma forma privilegiada de comentar a
natureza humana, pelo que por ele o homem se engrandece ao adquirir uma
consciência mais lúcida (Pierre Aimé Touchard, Le théâtre et l’angoisse des
hommes, 1968), ao identificar um
pronunciamento a respeito das relações entre os homens (Ronald Peacock, The Art
of Drama, 1957) ou ao reconhecer nele aspectos fulcrais definidores de uma
determinada cultura (Francis Fergusson, The Idea of a Theater, 1949).[4]
Szondi nos faz ver que superar o “drama” é superar uma
elaboração histórica. Suas exigências técnicas são exigências existenciais e
seu modo de ser traduz um precipitado da vida social de uma época. Para o
crítico que examina os textos do passado, na percepção desses movimentos
históricos, interessa estudar os pontos em que os “enunciados da forma” entrem
em contradição com os “enunciados do conteúdo”.
Os novos
conteúdos exigem novas formas. Creio que o teatro é em si uma forma de abarcar,
a seu modo, conteúdos. E é uma forma dramática. Portanto, a partir desse
ângulo, fica inócuo se discutir essa superação da forma dentro da própria
forma.
Mas a vida está aí e - Tá tudo solto por aí
Tá tudo assim, tá tudo assim. Quem quer morrer de amor se engana
Momentos são momentos, drama...
Tá tudo assim, tá tudo assim. Quem quer morrer de amor se engana
Momentos são momentos, drama...
merece desenvolvimento e uma revisão?
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