quarta-feira, 25 de julho de 2012


São Paulo, 25 de julho de 2012.
Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas da Universidade de São Paulo.
Disciplina: Encenações em Jogo: Experimentos de Criação e Aprendizagem do Teatro Contemporâneo
Docente Responsável: Marcos Aurélio Bulhões Martins
Aluna: Laís Marques Silva / Nº USP 3455577

Verbete: Performatividade[1]
O termo performatividade se refere aos modos como uma determinada ação, gesto ou comportamento é executado pelo performer. As questões envolvidas estão diretamente relacionadas aos Estudos da Performance. 
O filósofo J. L. Austin foi o primeiro a se referir ao termo na obra How to do things with words (1955), quando discorre sobre os usos da linguagem. Segundo o autor, algumas expressões escritas ou faladas também se constituem como atos, ainda que não sejam efetivamente realizados. Alguns exemplos podem ser percebidos em declarações, contratos, promessas, etc, quando estas são referencias de possíveis atos: “eu prometo que...”, o “sim” num casamento, etc.
Num segundo momento, J. R. Searle explorou os speech acts, quando as frases implicam num comprometimento dos indivíduos resultando numa moldura performativa. São exemplos vistos em ritos de uma sociedade, como nos batismos, que constituem a formatação de uma identidade do indivíduo.
No caso do teatro, ambos os autores entendem que a  representação dos atores também está comprometida com uma divisão entre o real e o ficcional, o que se denominaria performativo, enquanto aquilo que se projeta potencialmente real ou mesmo ficção, sendo assim, falsos ou não-verdadeiros.
Já Paul de Man acredita que o performativo ressalta sobretudo a separação entre o gesto e a atuação, sublinhando a deslinkage entre ambos. Assim, é possível perceber certo caráter falso ou postiço no desempenho, um “estranhamento  entre o significado e a performance de qualquer texto”; podendo chegar, em alguns casos, à aberração.  Tal é a perspectiva adotada por vários performers,  quando desejam provocar uma crítica no espectador ou uma sensação de desconforto.
A estudiosa Judith Butler afirma que os atos performativos podem ser reconhecidos tant na construção de gênero quanto de raça, pois são processos que envolvem uma contínua interação entre o indivíduo e a cultura. Nesse caso, o performativo ocorre na dinâmica entre os comportamentos aprendidos e ensinados.

Austin, entretanto, ressalta o uso “não sério” do performativo, no caso de contextos representacionais, quando se vê o sentido parasitário/estiolado da própria linguagem. Essa é a via que Derrida vai desenvolver, considerando aqui a perversão da linguagem quando a mesma passa a evidenciar sua teatralidade. Alguns cognatos apresentados são:

-       estiolar – impedir ou alterar o desenvolvimento natural (de uma planta) excluindo a luz solar; tornar pálido ou doentio;  roubar o vigor natural; prevenir ou inibir o completo processo de crescimento físico, emocional e mental de um indivíduo;
-       estiolado – que cresceu com ausência de luz solar; que empalideceu; sem exuberância ou vigor;
-   etiologia – ciência ou doutrina das causas ou das demonstrações das    causas; todos os fatores que contribuem para a ocorrência da doença ou condição anormal de um organismo.    

Asism, são três aplicações distintas referentes à performatividade:

-       modo de executar a ação
-       modo de estranhar a ação
       -     modo de estiolar (debilitar/imitar/citar/perverter)  a ação

A performance abre o flanco, desse modo, para a emergência tanto da performatividade quanto da teatralidade, dois modos liminares de articulação do ato, do gesto e da conduta.
Do ponto de vista estritamente cênico, a performance ressalta o como dos procedimentos artísticos: a citação, o estranhamento,  a fraqueza enfática, a ambiguidade expressiva, a falta de limite, de fronteira, de construção – bem como todos os procedimentos que tendem para o exagero: a grandiloquência, a extravazão, o melodramático, o pornográfico, o gritado, o sublinhado etc etc. Todas eles modos de desnaturalização da linguagem, de subversão da mimese e suas convenções de apresentação.  






[1] As informações foram colhidas com base na disciplina “Dialogismo, Performance e Performatividade - Liminaridade na Cena Contemporânea”. Professores responsáveis: Edelcio Mostaço e Silvia Fernandes da Silva Telesi. PPGAC- ECA/USP, out/nov de 2011.

Um comentário:

  1. nesta versão o texto é insuficiente, bibliografia mal situada, etc. aguardamos o desenvolvimento necessário.

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