FIGURINO
TEATRAL
Jacqueline
Silva Mendes
Trajes
que são usados pelos personagens em cena.
O Figurino ajuda a revelar o personagem que está sendo criado,
auxiliando o ator/atriz nessa composição e o público a ler que personagem está
se apresentando no espaço teatral. Através do figurino poderemos identificar a
época em que se passa a cena, o perfil psicológico do personagem, tempo e
espaço da peça teatral.
São
várias as mensagens que o figurino pode nos contar numa peça e estas mensagens
explícitas ou implícitas são construídas através do tipo do tecido escolhido,
das cores usadas na composição do figurino, na textura escolhida, no corte da roupa,
etc, todos esses pontos e outros são considerados pelos figurinistas ao criar
um traje de cena.
“(...)
é sem dúvida através do figurino que o espetáculo moderno instaura da maneira
mais profunda a sua relação com a realidade. Quanto mais audaciosa a
cenografia, mais o espaço cênico tende a tornar-se simbólico, abstrato, ou
afirmar-se como mera área de representação. Cabe então ao figurino e a alguns
acessórios orientar a visão, a interpretação, enfim a leitura do espectador. (ROUBINE,
p. 150, 1998).
Nas
montagens contemporâneas, o figurino não necessariamente deve obedecer a
estudos históricos, contextualizados com a época, até porque muitas
apresentações contemporâneas não possuem uma preocupação linear com a história
ou com o período em que acontecem as ações.
Mais
do que identificar personagens o figurino é um signo, é comunicação, é um forte
elemento visual numa peça teatral, um dos importantes elementos que compõe a
linguagem teatral.
O
que não se admite em nenhum espetáculo contemporâneo, é que o figurino se torne
um mero elemento decorativo, que não dialogue com a peça nem com o público. Como
exemplo do figurino criado em encenações contemporâneas, analisaremos brevemente
os figurinos nas montagens do diretor americano Robert Wilson.
Os
figurinos das peças de Robert Wilson são tão importantes como todos os outros
elementos que compõe seus espetáculos: cenografia, luz, atores, dança, música. Pensando
que, tudo o que foi/é posto em cena, nos espetáculos de Bob Wilson, não possuem
objetivos apenas decorativos, cada elemento tem sua funcionalidade, tudo que
está em cena está vivo e são esses objetos que o ajudam a construir um tempo e
espaço diferenciado em suas obras. Um tempo que não é o cronológico, um espaço
que não é somente da sala de espetáculos, um espaço pintado com a luz; Bob
Wilson consegue criar imagens cênicas poderosas, ajudando o espectador a ver e
escutar.
“Hoje,
na representação, o figurino conquista um lugar muito mais ambicioso;
multiplica suas funções e se integra ao trabalho de conjunto em cima dos
significantes cênicos. Desde que aparece em cena, a vestimenta converte-se em
figurino do teatro: põe-se a serviço de efeitos de amplificação, de
simplificação, de abstração e de legibilidade.” (PAVIS, p. 168,2001).
Na
criação dessas imagens cênicas fortes para o espectador, o figurino possui uma
grande importância, porque ele também constrói seu espaço, fala ou silencia em
cena.
Outros
procedimentos que também contribuíram para a criação dessas imagens nos
espetáculos de Wilson são as coreografias, tudo é coreografado, a luz, a
cenografia, o som, o silêncio, o figurino, através dos movimentos dos atores,
todos os espetáculos são matematicamente marcados.
Nesse processo de
criação de figurinos percebemos alguns elementos que podemos citar como
característico de vários espetáculos de Bob Wilson, como: a presença das cores frias, linhas e formas claras, fabricação de monocromos, maquiagem pesada, etc.
Um
profissional que nos aponta detalhes sobre a criação dos trajes de cena nos
espetáculos de Bob Wilson é Jacques Reynaud que colaborou com a criação de
vários figurinos, como por exemplo: “The Three Sisters, Sonetos de Shakespeare, Woyzeck,
Macbeth, etc.
Sobre a importância da
luz nos espetáculos de Wilson, Reynaud expõe que, para Bob Wilson, os figurinos
originais já devem estar prontos desde o começo do ensaio de luz, pois
frequentemente Wilson destaca através da luz um figurino ou vários, ou outro
elemento cênico é destacado em um momento singular do espetáculo e este, é
sempre um momento de tensão ou surpresa na peça, por isso Bob Wilson faz
questão dos ensaios com os figurinos originais, podemos observar abaixo, como personagens são destacados em cena através da luz:
Reynaud confessa também a
preferência do diretor para as cores frias e afirma que considera esses
elementos, (o tipo de cores, a maquiagem pesada, a luz intensa, o cenário, etc.),
em sua mente quando cria os figurinos para Wilson.
Cada diretor, cada espetáculo
pedirá um determinado tipo de figurino e ao figurinista cabe a sensibilidade na
composição/criação de cada figurino.
REFERENCIAS
GALIZIA, Luiz Roberto. Os processos criativos de Robert Wilson.
São Paulo: Perspectiva, 1986.
GUINSBURG, j. ; NETTO, J.
Teixeira Coelho; CARDOSO, Reni Chaves. Semiologia
do teatro. São Paulo: Perspectiva, 2006.
PAVIS, Patrice. A análise dos espetáculos: teatro,
mímica, dança, dança-teatro, cinema. São Paulo: Perspectiva, 2005.
PAVIS, Patrice. Dicionário de teatro. São Paulo:
Perspectiva, 2001.
ROUBINE, Jean-Jacques. A Linguagem da encenação teatral. Rio
de janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998.
SAFIR, Margery Arent. Robert
Wilson - From Within.
The American University of Paris: Flammarion, 2012.
VIANA, Fausto. O figurino teatral e as renovações do
século XX. São Paulo: Estação das letras e cores, 2010.
Entendo esta versão do texto -verbete - como sendo provisória, pois ela não atingiu os objetivos discutidos em sala de aula, ainda estamos no aguardo de uma nova versão,ampliada.
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